Candeias do Souto

Meixedo é uma aldeia perdida no Parque Natural de Montesinho, às portas de Bragança, e com marcas vivas da desertificação resultante da fuga dos mais jovens para paragens mais mundanas e da teimosa permanência de poucas dezenas de menos jovens, que mantêm as suas habitações tipicamente transmontanas por entre muitas outras há muito decadentes, legado dos tempos idos de outras vivências. Candeias do Souto, junto à pequena capela e à colectividade, no largo da aldeia, é exemplo único no povoado de uma recuperação feita com respeito pelo património local e pela tradição familiar, mantendo a traça, privilegiando os materiais – a pedra e as madeiras – e devolvendo-lhe a devida dignidade, que se destaca da vizinhança. Casa centenária de família, agora destinada a receber hóspedes das mais diversas proveniências, acolhe-nos num hall de entrada amplo e luminoso, com acesso à zona de quartos, em cima, e à recepção, em baixo. Aqui em baixo, antiga área dos palheiros dos animais e das alfaias agrícolas, encontramos, ainda, uma sala de estar com lareira, TV e biblioteca, oferecendo uma selecção de chás, bolos e compotas caseiros, de confecção própria, que são de usufruto livre pelos hóspedes e constituem um perfeito cartão de visita do bem-receber transmontano. Temos, ainda, a lojinha da casa, onde se vende as compotas e as nozes de produção própria e outros produtos regionais como mel ou vinhos. A adega contígua convida à prova tranquila de um vinho do Douro ou de Trás os Montes, e a simpática sala de pequenos-almoços completa o rés-do-chão, disponibilizando uma selecção de produtos regionais e outros, que proporcionam uma primeira refeição do dia simples, mas nada frugal. No piso superior situam-se sete quartos de diferentes tipologias, confortáveis e equipados com todas as modernas amenidades, o que aliado à tranquilidade da aldeia resultou em noites de sono retemperador. Ainda em cima, existe um pequeno alpendre com espreguiçadeiras e vista para as serras circundantes e uma reconstituição da antiga cozinha de aldeia, com mobiliário e utensílios da época em que a família ali vivia. O jardim da casa, por entre a relva, plantas diversas e arvoredo, permite momentos de lazer bem agradáveis, seja ao sol, seja resguardado dele. Tremenda mais valia nesta experiência a simpatia das anfitriãs – Elsa e Diana – cuja afabilidade, alegre comunicação e disponibilidade contribuíram de forma significativa para uma maravilhosa estadia em ambiente “familiar”, que nos deixa saudades. A partir daqui, todo um mundo para visitar e desfrutar, com as maravilhas naturais do Parque de Montesinho e a riqueza histórico-cultural da insigne cidade de Bragança, tão longe, afinal, feito tão perto.